domingo, 19 de outubro de 2008

O enfraquecimento dos partidos e a estatização da política

As eleições municipais demonstraram uma prática inovadora em matéria de política: a estatização da própria política. E, isso deve-se ao fato de que os partidos políticos estão cada vez mais enfraquecidos pela condução de seus dirigentes que cada vez mais se afastam dos eixos programáticos e transformam os partidos em moeda de troca de favores ou de espaços dentro da máquina governamental.

Os antigos conceitos básicos da política partidária praticamente já não existem mais. Não se fala mais em unidade de ação, pacto ou em frente ampla, classista, liberal, democrático-popular, entre outras coisas. O que se observa é a construção pelos dirigentes de cada legenda de acordos que beneficiam parcelas, grupos, famílias, facções, em detrimento dos interesses coletivos. Não se discute políticas de alianças com base no programa partidário. O que vale é a lógica do cada um por si, a lógica da sobrevivência.

Diante desse enfraquecimento da atuação partidária é que surge uma nova prática em matéria de política. E, que aqui eu vou denominar de estatização da política. Ao invés dos partidos travarem a luta política, com base em programas, manifestos e orientações ideológicas, para a condução do aparelho estatal e da própria política, o que se vê é o aparelho estatal dando a condução da vida política. Esse cenário estimulou que cada poder constituído acredite que pode tomar o controle de outro poder por conta desse vazio na política partidária. E isso é uma péssima lição histórica. Antes se falava em partidarização do Estado. Hoje se fala em estatização dos partidos.

Uma prova disso é que, em Macapá, não se fala mais de que um candidato é de tal partido por defender essas ou aquelas idéias. O que se ouve é que tem o candidato da Assembléia, o apoiado pelo Judiciário, o representante do Governo do Estado, o candidato da Prefeitura e assim vai. Não são mais os partidos que apresentam os candidatos com o seus planos de governo para enfrentar os problemas da cidade, mas sim as instituições do aparelho estatal intervindo de forma descarada no rumos da política.

Então, faço uma recomendação aos dirigentes e militantes partidários que retomem o papel para o qual foram constituídos os partidos, a fim de que a sociedade não reconheça que de repente essa estrutura política vigente já não faz nem falta.

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