sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Os regatões são tema de livro sobre a história do Amapá

Será lançado nesta sexta-feira, 28/11, às 20 horas, no Sesc Centro, o livro “Na ilharga da Fortaleza, logo ali na Beira, lá tem o regatão: o significado dos regatões na vida do Amapá – 1945 a 1970” .

O livro é resultado da tese de mestrado em História Social de Paulo Marcelo Cambraia da Costa, que é graduado em História pela Universidade Federal do Amapá e Mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP e, que atualmente é professor da rede pública de ensino, atuando na Escola Alexandre Vaz Tavares e no Curso de História da Faculdade de Macapá – FAMA.

O livro

A obra apresenta um paradoxo importante no desenvolvimento do estado a partir da nomeação do primeiro governador do Território Federal do Amapá, Capitão Janary Gentil Nunes, em 1943, em que o modo de vida local foi sistematicamente desconsiderado por seu governo e pelos governantes que o sucederam no período compreendido entre 1945 e 1970, balizado pela idéia de progresso para a região baseada na construção de uma malha rodoviária em desprezo às hidrovias existentes – a grande marca da vida regional – através de seus rios.

Tal desdém político gerou tensão entre o discurso oficial adotado – que priorizava e engrandecia a construção de estradas – contra o modo de vida local dos amapaenses que retiravam dos rios sua vivência e sobrevivência.

Diante deste contexto, o livro apresenta um estudo sobre o modo de vida marítimo-fluvial e a cultura material dos regatões que comercializavam e abasteciam com gêneros variados a cidade de Macapá – capital do então Território. Demonstra que para os regatões os rios eram fundamentais – não apenas no tocante às trocas e negociações comerciais, mas também em relação às experiências vividas que se traduzem na essência dos homens da região.

No estudo de um modo de vida específico – o dos regatões, a utilização de documentação oral foi evidenciada através da problematização do modo de vida dos sujeitos que fundeavam suas canoas na Doca do Canal do Igarapé da Fortaleza de São José de Macapá, em oposição à intenção dos governantes territoriais em construir estradas de rodagem.

Desta forma, o entendimento do modo de vida de alguns regatões foi desenvolvido não com um sentido nostálgico e perdido no tempo, mas como uma forma de identificação da tensão e da contradição existente entre o discurso governamental adotado e as formas de viver que ocorriam frente às mudanças que aconteciam no Território do Amapá naquele momento.

Com informações da Assessoria de Imprensa do Sesc/AP.

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