quarta-feira, 21 de maio de 2008

Ciclo do Marabaixo fechará com lançamento de documentário

O encerramento do Ciclo do Marabaixo deste ano reunirá os festeiros e comunidades no Centro de Cultura Negra/UNA para o lançamento do documentário “Ciclo do Marabaixo: Um Ciclo de Amor, Fé e Esperança”.

A produção é um emocionante retrato da cultura do marabaixo, mostrando todas as etapas do ciclo que inicia na Semana Santa e encerra após a festa de Corpus Christi. Em 20 minutos, o vídeo conta a história de forma didática com depoimentos de descendentes dos precursores do marabaixo como Dona Biló, Mestre Pavão e Dica Costa que há mais de 60 anos organizam os festejos, fazem as caixas (tambores), preparam a gengibirra e o caldo e abrem as portas de suas casas para receberem os convidados para dançar o marabaixo, rezar as ladainhas e participar dos bailes em homenagem aos santos.

Os documentaristas Thomé Azevedo e Ana Vidigal, diretor e produtora, registraram também jovens, crianças e adultos que já assumem a responsabilidade de dar continuidade ao festejos da Santíssima Trindade e Divino Espírito Santo. A equipe iniciou o documentário no ciclo do ano passado e entre pesquisa, gravação, entrevistas, edição e finalização passaram-se 12 meses de trabalho e conhecimento.

“Foi um dos mais belos trabalhos que já produzi, trabalhamos com energias ancestrais, de negros que fizeram a história, e o resultado pode ser visto e utilizado por qualquer pessoa, seja para estudo, para matar a curiosidade, aprendizado, para fins turísticos, institucional, enfim, é acessível a qualquer cidadão, de qualquer idade e grau de instrução”, diz Thomé. “Para realizarmos este trabalho contamos com apoio das comunidades negras e de órgão públicos como a Prefeitura de Macapá, ainda não temos estrutura no Amapá para fazermos trabalhos sem apoio de instituições, então as parcerias são muito importantes, tivemos a sorte de encontrarmos pessoas sensíveis também do SESC”, continua o diretor.

“Estamos cumprindo o nosso papel de documentarista de registrar antes que se perca, antes que estes negros que já são quase centenários morram, e para que os mais jovens tenham a preocupação de levar adiante esta história”, fala a produtora Ana Vidigal, que também é presidente da ABD/AP-Associação Brasileira de Documentaristas.

“Por ter me empenhado na realização deste sonho, achei que sabia tudo de marabaixo, mas me enganei, aprendi muito mais”, continua. No meio das festas, derrubada e levantar de mastros, rezas e foguetes, os dois contam que houveram muitos momentos de emocionantes. “Um destes momentos foi quando gravamos com a família do Mestre Pavão, ele estava em Belém, se preparando para a amputação da perna, mas a família mesmo entristecida com o fato, não deixou de realizar a festa, até porque o Mestre pedia que não deixassem a história acabar, pra eles a tradição vai além dos limites físicos, este ano, no lançamento, o Pavão estará na UNA, mesmo em cadeira de rodas, cantando e festejando”, fala Thomé.

Sintonia entre passado e presente, religiosidade e profano, no documentário os antigos aparecem juntos dos jovens seja na derrubada do mastro, na hora de pegar a murta, rezar, dançar, fazer a gengibirra, em todos os momentos é visível a ligação entre as gerações. O lançamento será dia 25, domingo, às 19:00, após a derrubada dos mastros nas quatro comunidades festeiras, os da Favela, Azebic, da família Congo e Berço do Marabaixo, família Libório, e os festeiros do Laguinho, Daniela Ramos, da Associação Raimundo Ladislau e Mestre Pavão e sua família. Depois da cerimônia da derrubada, as comunidades seguirão para a UNA onde antes do lançamento haverá o encontro das bandeiras e logo após, toques de caixas, ladrões e foguetes para encerrar o Ciclo.

Por Mariléia Maciel - foto e matéria

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que vai ficar muito legal esse documentário

FORUM PARANAENSE DAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA disse...

não tem marabaixo em junho em macapá? romulobarroso231@hotmail.com